quarta-feira, 4 de julho de 2007

As serpentes tecem o curso dos dias

Os ventos do sul repousam nos templos,
imortais santuários das nereidas.

Interrogas a sabedoria das árvores,
a serena face do mito.
Confessas a emergência da escrita,
a angústia de um universo
esvaziado de símbolos,
despido da secreta alteridade das sombras.

Admiras os divinos jardins de âmbar,
as infinitas planícies do êxtase.
Depousas as sandálias e o manto de púrpura
e decifras a linguagem dos desertos.

Os deuses veneram a tua excelsa beleza
e as transparências da tua voz,
e afagam o teu corpo de alabastro,
esse espelho de branca seda
onde anoitecem as palavras.


Barcelos, Isabel Aguiar

3 comentários:

Teresa David disse...

das serpentes mto haveria a dizer, e as piores nem são as rastejantes...
Bjs
TD

Amaral disse...

Gostei particularmente destes últimos dois versos:
"esse espelho de branca seda
onde anoitecem as palavras"
Onde há poesia, ela é transparente...

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

Visitando e pondo a leitura em dia.

Bjs