quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

evolução

NATAL é nascimento, logo, VIDA.
Mas falar, pensar: VIDA, implica pensar em condições de dignidade e respeito para todos os seres humanos na face desta “bola que rebola” pelo espaço…

Porque VIDA sem condições dignas, sem respeito, sem o necessário à sua sobrevivência em (repito) dignas condições, sem “mínimos”, é uma indignidade que nos envergonha e quando se chega a nós, esmolando, nos embaraça e aumenta a vergonha que já sentimos.

As guerras, sob todas as formas que revista, são a maior de todas as vergonhas, a que mais nos afasta da condição de seres humanos, porque humanidade implica: alteridade, respeito pelas diferenças, amor, partilha, solidariedade…
As guerras em nome do bem-estar, da preservação do modo de vida da denominada sociedade ocidental…ignomínia pura.

Deixo esta reflexão porque os actos praticados por este mundo fora (alguns por nós, por cansaço e por vezes por indiferença ou desalento) nunca poderão ser símbolos de que na Terra se vive o espírito de NATAL, que é o mais simples, puro e forte espírito de fraternidade que se poderá vivenciar e foi a mensagem mais forte dessa figura que foi a de Jesus e a de tantos outros profetas e avatares de outras religiões.

Porque o que é verdadeiro, genuíno e essencial ao SER humano é igual no pensamento, mensagem, de todos os seres que se constituíram pilares de diversas religiões.

A cada uma das companheiras e companheiros desta caminhada, pelas letras e imagens, deixo meu sentir em que a mais forte emoção é a vergonha pela actual condição do mundo.
Das guerras, da fome, da descriminação, do ódio, da mentira, do engano, do primado do dinheiro sobre o SER.
Continuo a acreditar que um dia saberemos mais e melhor.
Faremos mais e melhor do que agora porque o que se vê de nossos actos, globalmente falando, é menor, redutor da humana essência.

Apesar de tudo isto desejo para todas e todos vós um período de paz, harmonia, serenidade e saúde e que de nós sempre alguma luz, pacifismo e fraterno Amor irradie e se espalhe pelo mundo.

A todos vós um grato abraço pela ofertas-partilhas.

Que a luz esteja connosco e sempre brilhe forte irradiando.

domingo, 2 de dezembro de 2007

amizade, convido-te e espero-te

(Para leres o convite clica sobre ele, que amplia.)
Todas e todos os amigos do GRANDE PORTO, ou os que por aqui andarem, venham até cá.
Escrevemos para comunicar.
Quando se publica reforça-se esse empenho, desejo, necessidade.
Tudo isso.
Expomo-nos.
Aqui e agora me exponho a vós apelando.
Nesse dia, por muito que apeteça ficar na mornidão da casa, venham criar uma onda de genuíno suporte e calor humano .
Para comunicar necessitamos dos outros.Comunicadores, ouvidores, potenciais leitores. ...Interlocutores de várias formas.
Outra forma de suporte que me podem dar é divulgar pelos vossos contactos.
Grata por isso.
P.S - quem não conseguir vir e quiser adquirir p.f envie email com dados: nome e morada, nº exemplares pretendidos para ediumeditores@gmail.com. Será enviado à cobrança.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Delírios

Há coisas do arco-da-velha.
Ando há 3 anos a procurar umas botas que me agradem e dêem muito bom caminhar. Foram estas as eleitas porque as outras andarilhas desfizeram-se de tanto trabalhar.
Até aqui nada de mais. E vocês até podem não gostar que isto de estética é muito pessoal.
O impensável aconteceu quando no final, a funcionária com um simpático sorriso, estendeu a mão e me entregou um pequeno envelope rubro-rosa (ver abaixo) enquanto dizia:
«Aqui, vai a garantia. No espaço de um mês, caso esteja descontente, pode proceder à devolução, na caixa e.... desde que não tenham sido usadas
Perceberam?
Eu não!Acudam-me.
Como posso "estar descontente" se as não usar?
Como posso descobrir falhas ou defeitos estando elas na sua caixona, protegidas?
Hummmmm?

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Salvador, o Homem e Textos InConSequentes (excerto)

«Nada do que é terreno consegue
realmente abandonar o sono e só
quem nunca esquecer a noite que
traz consigo consegue fechar o
anel, consegue voltar da intempo-
ralidade do começo à do fim,
consegue empreender sempre de
novo o percurso circular, ele
próprio astro na imutabilidade
do decorrer do tempo, emergindo
da escuridão (...)»

Hermann Broch – “ A MORTE DE VIRGÍLIO”


I
O HOMEM


Salvador percorria as noites, de insónia em insónia, tentando olhar o mundo pelo prisma da noite, nos hábitos, nas vivências, nas rotinas ou desrotinas, nos seus indígenas, fauna bem diversa da diurna, nos cheiros e nas cores da noite. Sim, porque antes das insónias lhe dominarem as noites, homem regrado, Salvador achava que a noite tinha uma cor única: escura. Artificialmente iluminada. E nem se detivera a pensar sobre que cor e tipo de escuridão eram essas que atribuía à noite. Era escura e esse pensamento lhe chegava. Não, não era bem assim, sem ter consciência disso um outro atributo da noite coexistia com o anterior. O de perigo.
Não é que, desde os primórdios, a escuridão sempre representou um factor de perigo para os humanos, dada a sua incapacidade de verem no escuro?
Talvez por algum primevo atavismo, conjugado com factores culturais, a noite detinha, para Salvador, esse atributo, de que se não encontrava consciente.

Um dia Salvador não dormiu. Pensou que algum alimento cuja digestão se houvesse atrasado, apesar de não sentir qualquer tipo de incómodo, seria o responsável pelo facto.
Facto mesmo foi a repetição, noite após noite, da insónia. Curiosamente, para nós, e intrigantemente para ele, o dia a dia decorriam na máxima normalidade e as suas funções eram desempenhadas com eficácia e eficiência, sem cansaço e sem qualquer tipo de nervosismo.
Passaram meses e a situação mantinha-se. Os dias passaram a ter vinte e quatro horas para preencher a seu belo prazer. Mais sete horas e trinta minutos, que era o tempo médio de sono, antes de se tornar um insone.

Salvador sentia-se bem, sentiu-se feliz. Tanta coisa que deixava por fazer por falta de tempo....Quem se não sentiu nada feliz foi a mulher de Salvador, a D. Ermelinda. Ora se tinha algum jeito o marido não dormir, abandoná-la. Sim, abandoná-la, pois, a breve trecho, percebendo a total e continuada ausência de sono e a inexistência de quaisquer sinais de cansaço, Salvador deixou, de todo, de ir ao leito. Para quê perder tão precioso tempo, deitando-se e ficando a olhar para o tecto, para o ar, para o nada, na vã esperança de voltar a ser uma pessoa comum, isto é: com horas de deitar, dormir e acordar?

Nas frias noites, deixava o tálamo conjugal instalando-se, confortavelmente, na sua poltrona preferida que, rapidamente, foi trocada por uma mais moderna, reclinável, com várias posições e extensão, para pernas e pés, onde Salvador se entregava às delícias da leitura, do visionamento de filmes, ao xadrez no computador, (sim, que esse nunca sofria de insónia dado não precisar de dormir,) à construção de puzzles e às paciências, enfim, a uma série de actividades de que gostava e das quais tirava prazer e que sempre considerara boas para a musculação do cérebro, ou, parafraseando o ficcionado, mas não menos célebre inspector Poirot, belga e não francês como insistia em frisar, «as célulazinhas cinzentas».

A D. Ermelinda é que se não conformava e, quanto mais feliz via o marido com tanto tempo, liberto da escravidão do sono, façamos aqui um aparte para realçar que, apesar da bizarra e continuada ausência do tálamo conjugal, como a D. Ermelinda gostava de dizer, não descurava os seus deveres de cônjuge, antes os exercendo mais animadamente facto que, apesar de tudo, não compensava a senhora pelo abandono sentido, dizíamos nós que a infelicidade da D. Ermelinda crescia proporcionalmente à felicidade do marido.

(excerto do Conto "Salvador O Homem, e Textos InConSequentes, a sair em 07 de Dezembro- apresentação no Salão Nobre da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta, 21h30)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

vosso apoio é necessário - novo livro meu em Dezembro


A EDIUM EDITORES (clica no nome e vais até ao site) com cerca de 80 títulos publicados, prestes a fazer dois anos de actividade, vai editar o meu novo livro: «Salvador, o Homem e Textos InConSequentes»


Sinopse:
«Salvador, o Homem e Textos InConSequentes»

O livro pode ser dividido em duas partes, das quais, «Salvador, o Homem» abrange cerca de um terço.
Mais próximo da novela do que do conto relata a experiência de Salvador ao descobrir o fantástico que a vida encerra e que o mundo é muito mais do que o que vemos no dia-a-dia, assim como nele, enquanto ser humano, existem dimensões inexploradas, até ignoradas, as quais, quando as descobre e as integra alteram a sua vida e a de todos ao seu redor.

Os textos restantes enquadram-se mais no conceito americano de short-stories e diversificam o leque de leitura de uma forma que cremos será de vosso agrado e em que o próprio título vos permite intuir a existência de nexos, aparentemente inexistentes.
Como na VIDA»

A apresentação do livro ocorrerá no início de Dezembro e estão desde já convidados.
Uns via email, outros via blogues, outros ainda, se conhecer endereços, via CTT.

- Preço de capa: 10,00€/unidade
- Nº de pág.: cerca de 80


Quem quiser pode (e deve, digo eu), fazer desde já a PRÉ-RESERVA do nº de exempares pretendidos - LEMBREM-SE QUE O NATAL ESTÁ À PORTA . VÃO NECESSITAR DE LEMBRANÇAS E PRENDINHAS (MUITAS), MIMINHOS PARA FAMÍLIA E AMIGOS - para EDIUM EDITORES, email:
ediumeditores@gmail.c0m



Podem optar por uma de duas modalidades de pagamento:
1 - na recepção do livro enviado à cobrança.
2 - desde já, via cheque ou transferência bancária para a Editora e, neste caso os portes dos CTT ficam a cargo da editora. E vocês sabem bem como os portes encarecem o livro em cerca de 50%...


Hei, não deixes para amanhã. Faz já as tuas reservas.

Esta política prende-se com o facto de a Editora estar em fase de transição direccionando-se mais para públicos-alvo via internet o que não onera o preço de capa com encargos de distribuidoras e, assim, melhor servir a cultura através da disseminação do livro a preço mais reduzido.


Ainda não encomendaste? Bora lé gente boa.
Conto contigo, contigo e mais contigo...............
Com todos vós agora e depois, em Dezembro, ao vivo e a cores :))

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

estes são os cavalos

Uma outra foto com estes três animais foi a minha participação desta semana no Fotodicionário, no Palavra Puxa Palavra, sob o Tema: ficção.
Aqui fica sob a forma gráfica: imagem e palavras a minha ficção.
(Para ler melhor clica e amplia de imediato a imagem.)

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O silêncio em forma de carícia




Poema meu sobre quadro de Margusta.


Nota - o título do poema corresponde ao título que Margusta deu ao quadro.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Parabéns filhot'Alexandra



apetece-me a lua

(dedicado à Alexandra)



apetece-me a lua.
porque ela e eu
somos feitas
da mesma matéria
e vogamos nos mesmos
espaços.

somos feitas
da matéria que
constrói e alimenta
os sonhos
e vogamos tanto
no ar
como na água.

e porque o comum
dos mortais
olha para o chão
e eu olho para cima
para os astros
para o além
sem limites
nem barreiras
e ela, lua,
não se cansa
de correr pelos espaços
atrás do sol
sem sabermos quem é
perseguido ou perseguidor.


por isso
chego à janela mais alta
e estendo o braço
a tocá-la.


como quem acaricia
teu rosto

Parabéns meu anjo

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

fugi da chuva


fugi da chuva
que caía em grossas e frias
bagas. não gotas.

abri a porta e
respirei aliviada.
estava em casa.

maquinalmente
despi e pendurei
o casaco.
despojei-me dos adereços
aqui desnecessários.
a casa é abrigo,
santuário.

sentei-me a ler
e a chuva recomeçou.

em segundos fiquei
encharcada.
até aos ossos.

olhei a janela
por onde a água
escorria forte.

por dentro.
olhei
o chão da sala.

caudoloso rio
crescia
numa enchente
tapando já
meus tornozelos.

de novo virei
o olhar para a janela.

lá fora o céu
azul
resplandecia com
ofuscante luz solar.

fiquei.

esperei a chuva passar.
ou afogar-me.
transformar-me
em marinho ser .

transmutar-me.


quinta-feira, 23 de agosto de 2007

sobre a coragem


(foto da Gronelândia, tirada por mim, num programa de T.V)

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

criação do mundo

(Se não conseguires ler, p.f. clica na imagem. Esta amplia e lerás bem.
***
*
Este poema é dedicado a todas as "amizades" que sem ligarem a minha ausência têm a generosidade de continuar a passar pelos meus blogues dando prova de uma fraterna solidariedade. Bem-hajam e que o Universo vos devolva em dobro essa generosidade.

domingo, 12 de agosto de 2007

pedraBancoTronoRaíz - Singela homenagem a M.Torga na passagem do seu centenário

(foto: minha autoria)
Se clicares sobre a imagem esta ampliará e lerás melhor o texto.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Confissões de…um bicho estranho (3ª e última parte)

Mas acontecem-me coisas estranhas.
Por exemplo: prefiro ir ao dentista do que à/ao cabeleireira/o.
Acreditem porque é mesmo verdade.
Para ir a um salão de cabeleireira/o tenho que me mentalizar, encher de paciência e no final venho sempre esgotada.
Da mesma forma adoro fotografar e sempre detestei que mo fizessem. Desde criança que me lembro de assim ser.

Mas há, nesta casa onde resido há quase 33 anos, uma porta que ao visitar o andar me disseram ser a do quarto de banho de serviço, com as paredes todas forradas a pastilha cor-de-rosa (cor de que não gosto) e que fica num corredor da casa onde se situam as áreas de serviço, quarto de empregada incluso.

Acontece que sempre que lá entrava sentia uma vibração no ar, como que de miragem que se desvanece ou se não chega a estruturar.
Pensava: é cansaço, ou: tenho que verificar a tensão arterial ou, pura e simplesmente, na maioria das vezes, nem ligava.

Pois um belo dia, ao abrir a porta e adentrar esta divisão a tal vibração no ar deixou de ser só vibração, fugidia impressão.
Foi um ondular forte e em vez do pequeno quarto de banho de serviço todo forrado a pastilha cor-de-rosa, vi, ante meus atónitos olhos um imenso e imaculadamente branco salão de cabeleireira, com cadeiras, poltronas e armários num dourado tom alaranjado que só conseguimos ver no céu em certos pôr-de-sóis, pelo que se tornava extremamente relaxante.

Pretendia dar meia volta e sair, quando senti tocarem-me no braço enquanto uma educada e gentil voz me dizia: “ Se Maomé não vai à montanha, a montanha vem a Maomé, não é mesmo?”
Seguiu-se uma risada leve enquanto continuava: “como não vai ao salão vimos nós a casa quando achamos que já está mais do que na hora! Por favor, siga-me”.

E lá fui, seguindo a gentil funcionária de tão insólito salão, amplo, cheio de janelas e luz solar que inopinadamente existia, aparecia e cabia no minúsculo habitáculo de um quarto de banho de serviço, bem no coração de meu lar.

Passa muito tempo sem dar sinal, mas hoje apanhou-me desprevenida e foi tratamento geral: cortar, pintar, hidratar e pentear.

E aqui estou com menos uns 12 cm de cabelo.
Agora mal toca os ombros...

Se tiveram paciência de ler até ao final digam lá se sou ou não um bicho muito estranho.
Conhecem pessoas a quem aconteçam coisas destas?

Para além de mim, é claro!?

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Confissões de…um bicho estranho (2ª parte)

Sou assim!
Um bicho estranho.
Mas sinto-me bem com o que sou, como sou.
Estou bem na minha pele. E recomendo o mesmo.
Sou um bicho tão, mas tão estranho que, como falo o que penso e sinto, e ajo em conformidade, as pessoas efabulam sobre mim, porque duvidam do que se lhes apresenta. Porque no fundo somos ensinados a representar o papel que o interlocutor de momento espera de nós.
E assim o fazemos e ao saberem que representam pensam que o estou fazendo também.

Esta parte foi hilariante quando andei na política activa pois os interlocutores, cada um com a sua agenda própria, davam voltas e mais voltas aos cérebros procurando os meus verdadeiros objectivos, a minha secreta agenda….
Quando estava tudo ali escarrapachado ante seus olhares e pensamento…. Adiante…

Claro está que não falo das mudanças automáticas que se operam quando vivenciamos papeis tão diferentes como, por exemplo: os de filha/mãe; membro de uma família/profissional….
É claro que nestas circunstâncias, sendo a mesma, represento, automaticamente papéis diferentes, pois diferente é o objecto, o domínio dos afectos, o grau de intimidade e o produto final de cada uma dessas relações.

Falo, falo, mas não sou capaz de vos transmitir porque é que digo que sou, um bicho estranho….
Isso só quem lida comigo o saberá, ou não, fazer com maior discernimento.

As pessoas – a norma – gosta da agitação, dos barulhos, não gosta de estar ou ir sozinha/o a qualquer lado.

Há até quem para ir tomar café, logo ali, telefone a amigos/as a ver quem está disponível para lhe fazer companhia e se não houver ninguém disponível desiste de fazer o que intentava e lhe apetecia.
Se pretendo ir a algum lado, vou.
Não busco quem queira ir, acompanhar-me.
Nem que seja ir viajar. Se sou eu que quero ir, vou.
Vou comigo e vou bem.

Mas não fujo das pessoas nem hesito numa boa companhia que tenha interesse naquilo em que esteja empenhada no momento.

Gosto do silêncio.
Dos espaços enormes, amplos, vazios e silenciosos... Das serranias, do isolamento, de algo a que costumam chamar solidão.
Não receio o isolamento nem hesito em falar sobre a morte como falo da vida.
Acham mórbido e eu não entendo como pode ser mórbido pensar sobre algo que nada mais é do que o outro lado desta moeda a que chamamos vida.

(continua)

terça-feira, 31 de julho de 2007

Confissões de…um bicho estranho (1ª parte)


Sei que sou um bicho esquisito.
Ainda uma esquisitice maior, mais estranha, sendo mulher.
As evidências de uma vida não me permitem ignorar tal facto.

Não gosto do que a maioria das pessoas gosta.
Não faço ou deixo de fazer algo por me preocupar com o que “os outros” vão dizer. E subentende-se que estes “outros” são, o grupo de pertença (a “tribo”), a família e, por último, exactamente por esta ordem, a sociedade abstracta mas que nos rodeia a nível de vizinhança, trabalho e laços mais difusos por relação às relações e afiliações da nossa “tribo” de pertença.

Vivi sempre nas margens por me considerarem simpática mas…estranha, diferente.
Até o sentido de humor é muito diferente da média, da norma.
Havia até quem estivesse convicto não ter eu sentido de humor, até ao dia em que puderam constatar o erro.
Foram simplesmente fantásticos porque mo disseram frontalmente e falaram do seu/deles espanto por eu afinal ter sentido de humor, um humor – disseram – muito british – e subtil.

Coisa que não foi nova pois já no Liceu assim mo diziam.
Do que eu ria, francamente com gosto, ficavam espantados e daquilo que eles riam até à desbunda, às lágrimas, ao: “pára aí k me mijo” ficava eu, por norma, indiferente.

E juro sobre o que quiserem que não estava a fazer género.

Sou uma pessoa que sorri facilmente e de onde o riso explode em gargalhadas sonoras e nada envergonhadas e, por outro lado sou extremamente séria e levo as coisas a sério (não sei muito bem o que querem dizer com isto, eu sei o que quero dizer. Significa que não olho para nada, actos ou pessoas, de forma leviana e de julgamento rápido, passada rápida e pronto. Tipo: “eu é que sei. Já vi tudo, já lhe tirei a pinta….”)

(continua)

sábado, 28 de julho de 2007

Palavra: VERTENTE em Fotodicionário

Sua representação fotográfica esta semana no PALAVRA PUXA PALAVRA.
Como não pude colaborar faço-o desta forma. desejando a todas e todos, boas férias e/ou bom trabalho.

terça-feira, 17 de julho de 2007

o vento que penetra pelas frinchas.
o frio...

Eu olho e vejo: abrigo, alimento,
beleza, cor e liberdade.

posso sempre voar e…voltar

e todos podem entrar
está aberto o abrigo
P.S _ texto meu. Imagem chegou-me via net sem indicação de autoria pelo que peço desculpa.

terça-feira, 10 de julho de 2007

sexta-feira, 6 de julho de 2007

quarta-feira, 4 de julho de 2007

As serpentes tecem o curso dos dias

Os ventos do sul repousam nos templos,
imortais santuários das nereidas.

Interrogas a sabedoria das árvores,
a serena face do mito.
Confessas a emergência da escrita,
a angústia de um universo
esvaziado de símbolos,
despido da secreta alteridade das sombras.

Admiras os divinos jardins de âmbar,
as infinitas planícies do êxtase.
Depousas as sandálias e o manto de púrpura
e decifras a linguagem dos desertos.

Os deuses veneram a tua excelsa beleza
e as transparências da tua voz,
e afagam o teu corpo de alabastro,
esse espelho de branca seda
onde anoitecem as palavras.


Barcelos, Isabel Aguiar

sábado, 30 de junho de 2007

quinta-feira, 28 de junho de 2007

ele há cada uma....

então é assim: o Tozé , sem o saber, descende de uma linhagem de grandes senhores feudais da zona ora abrangida por todo o território entre Póvoa e Braga.

Ora como isto de senhores feudais já se perdeu nas brumas, por certo as mesmas ou similares, onde se perdeu o nosso El-Rei D. Sebastião, não tinha ele a mínima ideia, nem seus pais, ou os pais de seus pais, nem sequer os pais destes últimos e por aí fora.

Se tal se deveu ao esquecimento dos ramos e laços familiares entre si, ou a fortes desavenças nunca mais comentadas, como é norma entre pessoas de bem, é coisa que agora será apurada, por natural curiosidade.

Aconteceu que lhe apareceu, nada mais, nada menos do que um notário à porta, acompanhado de seu escrivão como noutros tempos se fazia, a entregar-lhes documentos lacrados, herança de terras, casa e baldios, testamentados da actualidade e acreditados, confirmados, com cartas reais, com reais lacres seladas , do reinado de D. Afonso VII.

Ora o nosso amigo Toze, que é republicano, dono de seu nariz, opiniões e pouco mais que com o muito trabalho se alcança neste nosso país, desconhecia por completo este ramo, estes parentes nobres e ricos, que isto de heranças, bem o sabeis vós, era aos primogénitos que todo o património cabia e sempre cuidavam de que assim continuasse..

Coisas de primogénitos e profundas cisões familiares frequentes na História que ora haverão de ser desvendadas.

Não acreditou ele no que via e ouvia, para mais tendo-lhe batido dois distintos e, porque não dize-lo, algo emproados cavalheiros à porta, a contar-lhe esta fabulosa "história da carochinha".

Enquanto os ouvia pos-se, pelo canto do olho, a rabiar, procurando as escondidas camaras da TV, porque, pensou ele sem a mínima sombra de dúvida: "está bem de ver que estou nos "APANHADOS"".

Mas não! Não estava! Não está! Ele é que nos vai..."apanhando"....
Como quem caça gambuzinos.
Lança o isco e nós lá vamos.
Contentes, deixando a imaginação correr e correr à desfilada...

E esta herança comporta mais casas do que terras...
Com as baixas rendas pagas pelos inquilinos,que envelheciam, desinvestiram os últimos dos seus desconhecidos antepassados da recuperação de algumas das casas - eis aqui o exemplo de uma das portas dessas moradias - o nº 52 da Rua do Dó Maior,sita na freguesia Aikdó,no concelho de Desconcerto Total, distrito Dessinfonizado em Todos os Tons.


Parabéns Tozé.
Agora estás mais rico.
Não fiques com dores de cabeça.
O nº 52 está velho, revelho digo eu! A cair!
Se te quiseres desfazer dela, casa, aceito-a de bom grado, ou podemos fazer uma venda a baixo custo e ficas com menos um dos 123 problemas que te desabaram em cima.
QUE DIZES?


Post Scriptum: O Tozé diz que o patrimõnio está em aberto e lança, a todas/os que o queiram aceitar, o repto da escrita que os poderá habilitar à porta nº 52 aqui mostrada e a que eu já me candidatei na esperança de a ganhar bem como todas as paredes que a sustentam.
vamos lá, soltem-se. Tirem as rédeas à imaginação.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

e aqui, as "linhas" de TODOS nós

de tanta riqueza e beleza que semana após semana é partilhada e que os meus olhos ávidos captam, na maioria das vezes sem deixar feed-back às e aos autores, hoje decidi trazê-las todas para aqui como forma de agradecimento às/aos solidária(o)s companheira(o)s do fotodicionário.
NOTA - as fotos não surgem pela ordem do Palavra Puxa Palavra, mas tal deveu-se à designação das mesmas que assim foram reorganizadas e como já são 21H54 e ainda não jantei....
Desculpem mas fica assim.

representação de "Linhas"

O "Palavra puxa Palavra" da Manuela, recomeçou o seu fotodicionário.


A palavra para esta semana era: «linhas».


Há fotos belíssimas e imperdíveis enquanto representações fotográficas do conceito de "linhas.


Não deixem de passar por lá.
Aqui vos deixo algumas das que mais me tentaram e a que mandei:

quinta-feira, 17 de maio de 2007

resposta ao desafio


sei que existes, desafiou-me. Aqui fica a resposta ao desafio e os/as novos /as desafiados/as


quero: que o mundo e tudo nele seja de toda a humanidade e não só de alguns
tenho: fome de justiça e de fraternidade
acho: que temos o poder de moldar e mudar nossas vidas
odeio: Nada! Não odeio. Há muita coisa de que não gosto, me fere, e detesto até...Mas não odeio nada
sinto: dor ao ver o que estamos deixando fazer e logo, mais directa ou indirectamente, fazendo uns aos outros e ao planeta
escuto: as pessoas! Mesmo as que não conheço. E as vozes que circulam no ar e nos murmúrios dos ventos e das plantas
cheiro: o ar fresco da manhã, a terra depois da chuva, a maresia
imploro: nada! espero nunca necessitar implorar pois é contra estas coisas que me indigno. Sou pelos direitos e dignidade de tudo e todos e na dignidade há coisas que não cabem. Implorar
é uma delas. Mas poderia implorar por uma vida.
procuro: ser uma pessoa melhor
arrependo-me: de nada! Se percebo que errei peço desculpa e tento corrigir. Mas não vale a pena arrepender. No momento, nas circunstâncias, com o conhecimento que tinha, terei feito o que melhor achei.
amo: a VIDA lato senso e tudo o que nela existe. Seres humanos e outros de outras espécies. Muito as filhas e neta. Também a mim e amizades.
sinto dor: Ora bolas...Como falar disto? Cada vez sinto mais dor, mais dores...tanta injustiça que vejo...Ao vivo e à distância, tanta maldade, hipocrisia, tanta coisa negativa e que de humana nada tem...
sinto a falta: do verdadeiro e solidário respeito de uns pelos outros, independentemente de todas as diferenças. Sejam quais forem.... São elas que nos tornam ricos!
importo-me
: com os problemas que se criam e se alimentam em casa e no mundo: a fome, a injustiça, as guerras, a indiferença (arma mortífera), etc
sempre: estou
não fico: á espera que alguém resolva “AS”coisas. Procuro resolver as minhas e se puder dar força para empurrar para boas e pacificas resoluções tantas situações injustas que grassam no mundo junto minha voz ou assinatura
acredito: que somos todos irmãos e que a humanidade um dia(?) vai entender e assim funcionar
danço: muitas vezes pela casa. Mas muitas mais nos rodopios dos ventos e brisas ainda que por vezes mentalmente Não me apetece que me enfiem num colete de forças e acreditem que com as inopinadas coisas que faço....)
canto: pouco, mas quando canto, canto mesmo. Com prazer e vontade.
choro: pela desumanidade que deixamos criar ao nosso redor e suas dolorosas consequências em tantos de nós e tantos cantos do mundo
falho: vezes de mais o meu objectivo de ser uma pessoa melhor a cada dia.
Falho quando me desamo e logo não ouço, nem vejo os outros (a gente pensa que sim, mas é uma ilusão) porque me deixo prender nas malhas do auto-desamor e quem se não ama não espalha bem-estar. alegria, paz e amor ao redor ainda k pense que o faz..
luto: todos os dias contra os sentimentos negativos e as agruras da vida.
escrevo: sempre.
ganho: quando sou capaz de por um sorriso no rosto de alguém, de inverter algo injusto; de passar um dia construtivo, de criar um pequeno espaço de serenidade que dêe bem estar não só
a mim, mas também.
perco: quando não sou capaz de fazer o que atrás referi. Quando me zango, me irrito.Quando deixo de ouvir um pedido de ajuda mesmo que não expresso.
confundo-me: com todo e qualquer preconceito; - seja num plano individual seja colectivo ou de países; com a mentira intencional para fazer mal ou obter lucro a todo e qualquer preço; com a ideia de que há seres superiores a outros...e mais coisas
estou: Viva!
fico feliz: quando vejo gente diferente ser solidária e fraterna porque afinal não há “gente diferente” mas só “GENTE”
tenho esperança: que o que me faz feliz venha a ser uma realidade num futuro que não sei quando ocorrerá, mas pelo qual devemos continuar a lutar. É das poucas lutas que faz sentido e vale a pena... E tabém quando as filhas se juntam e trocam segredos, confidências e se sente uma doce cumplicidade no ar
preciso: confiar nas pessoas. Acredito na bondade intrínseca do SER.
deveria: ser capaz de ver e corrigir os (meus) defeitos que não vejo
sou: EU. Inteira. Com defeitos e qualidades.
não gosto: da mentira, da hipocrisia, da falsidade, da corrupção; do ter em vez do ser; da ambição sem limites; dos preconceitoS, dos racismoS, da misoginia; do machismo; daS violênciaS; da indiferença; das GUERRAS.....


E da mesma forma que Sei que existes me passou este desafio o passo a:


Finúrias


Francisco Sobreira


gato escaldado e água quente


JPD


Laramablog


Lumife


Manel do Montado


Maria Mamede


Menina Marota


Teresa David


sexta-feira, 11 de maio de 2007

Sobre a "SOLIDÃO"

Esta semana, no Fotodicionário, no blogue Palavra Puxa Palavra, o tema a representar fotograficamente foi: Solidão.
Escolhi uma foto de muitas possíveis.
Abaixo elenquei mais algumas que correm em slide-show.
Se clicares, sobre a imagem, em baixo, aparece-te a legenda que lhe dei, com a qual prentendo dizer da solidão que ali senti. Sinto.
E como a matéria em si, tanto quanto sabemos/sei não sente, projecto nela, através dos humanos actos que ali, àquele modo ou estado as conduziram, o humano conceito de solidões.
Pois se a solidão, por si só, não existe, nós, humanos, porfiamos em criá-la, construí-la...alimentá-la.
Porque estar só.
Isolado.
Não é, por si, sem mais, sinónimo de solidão.


terça-feira, 8 de maio de 2007

ERGA O SILÊNCIO A VOZ


I

erga o silêncio a voz
e as nossas se calem
silenciadas
que as palavras
não ditas, por mal ditas
não façam do silêncio nossa fala.


II

com o silêncio se mata
a falsa voz
para que nunca
em nós
feneça a fala.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Fotodicionário - "LIMITE"

Foi esta a palavra escolhida e indicada para fotograficamente a representarmos esta semana: LIMITE.

Limites há muitos.
Optei por um limite simbólico específico.

O da colocação das "maias" em todas as entradas,orifícios e espaços por onde o diabo possa adentrar as habitações, desassossegando quem lá mora.

Este é um costume pagão que o catolicismo ou o cristianismo adaptou/adotou e com o qual as populações do norte de Portugal se protegem simbolicamnete da força de todos os males.

Fotografei portas e janelas, até de casas desabitadas se atentarem nalgumas das janelas, porque, portas e janelas são, em si e por si, outra expressão de "limite".

Limite às desfavoráveis condições climatéricas:frio, calor,chuva,ventos e não só. Também, e cada vez mais,dos intrusos.
Dos que aparecem sem ser convidados e daqueles que invadem, roubam e ameaçam a segurança de cada lar.

A carga simbólica deste costume - que só foi por mim descoberto quando me mudei do sul para o norte, há 34 anos- fascina-me.

Será que as pessoas ainda não descobriram que o diabo está dentro de cada um de nós, assim como o seu oposto?

sexta-feira, 27 de abril de 2007

"COR"

Esta semana, no PALAVRA PUXA PALAVRA o jogo do Fotodicionário era uma representação, por fotografia da alavra: COR.
A minha encontra-se aqui truncada, mas é a fotografia da coluna central, lado direito. Mas ver só esta nada é. Passem por lá e vejam as paletas oferecidas á nossa imaginação.

terça-feira, 24 de abril de 2007

25 de ABIL SEMPRE (apesar dos pesares)


A Festa Foi Bonita


A festa foi bonita pá mas tu agora

voltas ao mesmo sítio onde estiveste

voltas à mesma rua à mesma casa

voltas ao mesmo copo que bebeste

E o mundo que sonhaste foi andando

o sonho de justiça e a fantasia

que ardemos toda a noite em fogo brando

terá que se enfrentar com o dia a dia

Mas há uma coisa enorme que ficou:

(e é nela que teces o amanhã

que deste frente a frente resultou)

a vontade de viver outra verdade

a vontade de acordar noutra manhã

A festa foi bonita pá mas tu agora

voltas ao mesmo leito onde dormiste

e apesar do sabor que nos deixamos

o termos que partir é sempre triste

O mundo que sonhamos está tão longe

mas tudo o que esta noite se viveu

garante que afinal pode ser hoje

o mundo que se sonha e se esqueceu

Mas há uma coisa enorme que ficou:

(e é nela que teces o amanhã

que deste frente a frente resultou)

a vontade de viver outra verdade

a vontade de acordar noutra manhã.




Pedro Barroso* (in CD "Criticamente", Lusogram, 1999)

sexta-feira, 20 de abril de 2007

INTERIOR"

Foi este o desafio no PALAVRA PUXA PALAVRA, para a semana que chega ao fim. De tantos interiores possíveis foi o da viagem pelas memórias que se impôs, sem necessidade de avaliação ou segunda reflexão.

Há muitos, muitos anos (não, não é a canção do José Cid) eu, que não sou compradora compulsiva de "trapos" e afins para uso pessoal, dei por mim OBCECADA - mesmo - por uma seda estampada que vira ao passar frente a uma loja.
Não me saía da cabeça e era de tal forma forte a vontade de ter aquele tecido que mentalmente desenhei o que diria à modista para fazer.
Claro que voltei lá de propósito, comprei, desenhei o modelito (que ainda tenho) e a modista fez.
Noutra altura aconteceu-me, ao olhar relógios de pulso numa montra algo similar.
Os olhos agagrraram-se a ele e ele aos olhos.
Era um "cebolão" de homem.
Fui embora e lá ficou na montra.

A compulsão forte e o relógio a tiquetaquear na minha cabeça sem de lá sair....uma coisa obssessiva...
Algum tempo depois, como não passasse, voltei lá e comprei-o e passei a usá-lo.

Ora como nunca fui dada a este tipo de coisas, de compulsões - nem de apetites nas três gravidezes - nunca me acontecera nada parecido, dei por mim a tentar perceber.
E claro k percebi. Senti um click no cérebro, nas memórias, articulando-se com o presente e aí estava a razão de ambos os factos.
O interior das memórias, o interior da infância e as marcas (boas estas felizmente) que nos ficam e moldam em aspectos que nem apercebemos.

O tecido era muito, muito parecido com um vestido em georgette de seda que minha mãe tinha quando eu era pequenina - não só no tamanho mas na idade.
Estava na fase de me esconder no roupeiro dos pais que me procuravam, olhavam-me nos olhos, lá escondidinha atrás das roupas - mas a espreitar - uma mão afastando os vestidos, um olho atento aos movimentos de quem aparecesse, para descobrir se era ou não vista....Um tempo em que existiam fadas e gnomos que brincavam comigo...

Lembro-me de me olharem, olho no olho, e voltarem-se um para o outro a dialogar: "onde será que se meteu, não está aqui....! já vimos ali. E acolá....Olha será que se escondeu......."
E lá saíam a procurar-me algures, depois de incentivarem o jogo com este diálogo cúmplice.
Lembro que era tão pequena que tapava a boca com a mão, acreditando realmente que me não viam nem ouviam rir, abafando embora o riso...
E o relógio que me "obrigou" a comprá-lo foi a mesma coisa.
Era/é uma réplica muito, muito próxima, do relógio de pulso de meu pai.
Sempre o mesmo e sempre certo. Que passou para meu irmao mais velho. O primogénito.

E é destas viagens pelo interior das memórias que por vezes estão e são tão profundas que influenciam atitudes, gosto, estética, opções de vida...,
afinal tudo em nossa vida, sem que disso demos conta, que resolvi fazer uma (das várias possíveis)representação fotografica.

A caixinha de madeira, com as figuras holandesas, é muito mais velha do que eu.
Era de família e foi-me dada por meu pai.
O menino Jesus, e os santos que o rodeiam são peças antigas e parte dessas memórias, muito muito interiores, que são sempre aconchego mesmo quando de tal nos não apercebemos.
Era a caixinha dos tesouros. Não era qualquer coisa que ali guardava...
A outra, com os apetrechos de prata, contém a caneta de aparo - os mais antigos lembram-se delas - que minha mãe me "emprestou" no dia do exame de admissão ao Liceu.
Não quis que fizesse o exame com a vulgar caneta de pau do dia a dia.....
Quis que esse dia ficasse na minha memória como um dia de passagem e, com este gesto, ficou .

Se não fosse este gesto de minha (muito querida) mãe nenhum registo especial haveria sobre esse dia.

Pelo interior de mim.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Creio nos anjos que andam pelo mundo


Creio nos anjos que andam pelo mundo,


Creio na Deusa com olhos de diamantes,

Creio em amores lunares com piano ao fundo,

Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
*

Creio num engenho que falta mais fecundo

De harmonizar as partes dissonantes,

Creio que tudo é eterno num segundo,

Creio num céu futuro que houve dantes,

*
Creio nos deuses de um astral mais puro,

Na flor humilde que se encosta ao muro,

Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,

*
Na ocupação do mundo pelas rosas,

Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.
**

CORREIA, Natália, 1990, "Sonetos Românticos".
Informação: este poema é cantado por Janita Salomé (uma das nossa mehores vozes)

quarta-feira, 28 de março de 2007

convite

a todos os que por aqui passarem deixo o convite.
Sem vós esta é uma "missa" que não pode ser oficiada.
A poesia é comunicação aberta e pura entre o poeta - através das palavras que expressam sentires - nós, e os outros.
Estaremos à vossa espera:sábado, 31 do corrente pelas 21h30,no Salão Nobre da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta,para participarem na apresentação do1º volume da ANTOLOGIA de poesia, DezSete iniciativa da EDIUM EDITORES

O nome deriva do facto de a ANTOLOGIA ir colectar poemas de sete poetas de cada uma das 10 freguesias do Concelho de Matosinhos.Neste volume, para quem anda na blogosfera, participam a Maria Mamede, esta que vos fala e o António Durval.
Acrescem, de fora deste espaço, Maria José Rocha, Teresa Gonçalves e Vitor Carvalhais.
Por último destaco o meu amigo Daniel Gaspar, poeta e auto-didacta, falecido.Os poetas lerão dois dos poemas constantes da mesma e contamos com a presença de um grande"diseur" - o Amilcar, bem conhecido dos amantes da poesia.Intervalando os poetas, o Carlos Andrade encantará com a voz a e viola.
Esperamos por vós.

Estas acções não têm sentido sem a presença dos amigos.

Mesmo daqueles que só conhecemos por estes caminhos e encruzilhadas.

P.S - agradeço divulgação.

terça-feira, 27 de março de 2007

eternidade



A eternidade
é isto


Ficar imóvel
e inalterada?

Absorta,
indiferente...

Nem morta
nem viva.

Corpo quedo,
mente ausente
estaladiço
embrulho de papel
fugidia a alma?

quarta-feira, 21 de março de 2007

que te seja sempre PRIMAVERA

Celebra sempre a Primavera em ti, pois celebras a VIDA.
Não deixes que a idade e as preocupações te afastem do gozo simples das coisas, do riso e do folguedo como qualquer criança.
Porque, independentemente da idade cronológia, em ti há sempre (um)a criança.

domingo, 18 de março de 2007

o que penso depois de o ler

Ofereceram este livro a minha filha Carla no seu aniverásrio e como tinha lido boas - devo usar mesmo o superlativo absoluto - belíssimas - críticas pedi-lho para ler.
Assim o fiz e agora apetece-me partilhar convosco a minha opinião.

Antes disso porém transcrevo da contracapa: « SVEVA CASATI MODIGNANI é um dos nomes mais populares da actual ficção italiana, tendo pubicado já dezoito romances, que venderam cerca de dez milhões de exemplares e que deram origem a alguns flmes e séries televisivas de sucesso.(...)»

E li 399 páginas de banalidades, pretensiosamente enriquecidas com momentos políticos da história recente de Itália - brigadas vermelhas e assassinato de Aldo Moro.

Uma chuchadeira morna, cor de rosa até mais não, apesar das brigadas vermelhas, das tentativas de assassinato e dos dois assassinatos referidos, da consciência social e de género da "heroína".

A autora cria um interlocutor à "heroína", o psiquiatra, mas às tantas inquirimo-nos: para que é que ele existe?

Leitura ight ou, cor-de-rosa por cor-de-rosa, temos por cá muita.
Não precisamos importar.
Mas quem quer saber?
O que importa a quem edita, estou segura, é nº de exemplares vendidos - garantia de lucro certo e imediato - e não a qualidade literária da obra.

Destaco a tradução e o escorreito português da mesma.
De resto, não gastem dinheiro nem gastem os neurónios.
Apetece largar mas fiz um exercício total.
Se o sacrifício vale alguma coisa.....também já contabilizei LOL*
Posted by Picasa