sábado, 28 de fevereiro de 2009

sobrevivência

o VENTO atingiu a solitária árvore. perdida na VASTEZA da planície, sentinela única daquele imenso OCEANO de terra calcinada a perder de vista a BATIDA forte do ar imprimiu-lhe uma OSCILAÇÃO. uma SACUDIDELA imprimiu-lhe um estremecimento semelhando hesitação na decisão a tomar. a SITUAÇÃO era desesperadora. a árvore, SOBERANA expressão de vida sentiu a seiva correr mais forte bem por DENTRO de si animando cada tronco, cada ramo. sentiu-se perdido NAVIO no meio de longínquo e inóspito mar. MORFEU, sentado num dos seus braços, trauteava canção de embalar enquanto fazia soar sua lira. a árvore sabia que não podia ceder. o sono seria fatal. a última expressão de vida desapareceria da superfície da imensa planície que se estendia a perder de vista. onde antes existiam florestas, bosques, verdes prados cheios de vida, animais de todas as espécies, caçando, preguiçando ao sol, lançando aos ares suas vozes. maviosas umas, quase assustadoras pela força e potência outras. a árvore lembrou com ternura o TIGRE que, durante anos adoptara os seus ramos como leito e como ponto de vigia de onde detectava caça ou adversários. pensou que, por todos eles, não cederia. o sono arrastaria a morte. a seiva pararia e ela, guardiã da vida, desapareceria. com ela toda a esperança de renascimento.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

a minha incomum casa

a casa tem dimensões incomuns. diria, mágicas. é uma casa normal. só na aparência. Se deixarmos, se abrirmos todos os sentidos para além dos cinco que a ciência refere a casa mostra-se em todo o seu surpreendente esplendor e capacidades.
é um andar aparentemente normal com as divisões padrão para prover às necessidades e hábitos humanos tanto interiores como exteriores dado possuir varandas amplas e espaçoso terraço.
tem a particularidade de, se o nosso estado de espírito com ela estiver em total harmonia, abrir portas para outras dimensões. assim, nas varandas entramos num outro espaço-tempo e, num piscar de olhos, encontramo-nos num Monte Alentejano, fruindo a paisagem a luz e o calor do sol e os perfumes da planície levemente ondulante. dias há em que a rua para a qual ficam viradas desaparece e o mar se alonga por um areal que brilha com uma tonalidade branco-doirada. no terraço acontece uma outra realidade. um passo, um parar a respirar fundo e ali estamos numa quinta envolta por um bosque, com as características dos bosques a norte.
dentro de casa descobri ainda um outro portal, tão inesperado e surpreendente como os dois primeiros. por tudo isto estou grata à casa que tanto me dá.