sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Confissões de…um bicho estranho (2ª parte)

Sou assim!
Um bicho estranho.
Mas sinto-me bem com o que sou, como sou.
Estou bem na minha pele. E recomendo o mesmo.
Sou um bicho tão, mas tão estranho que, como falo o que penso e sinto, e ajo em conformidade, as pessoas efabulam sobre mim, porque duvidam do que se lhes apresenta. Porque no fundo somos ensinados a representar o papel que o interlocutor de momento espera de nós.
E assim o fazemos e ao saberem que representam pensam que o estou fazendo também.

Esta parte foi hilariante quando andei na política activa pois os interlocutores, cada um com a sua agenda própria, davam voltas e mais voltas aos cérebros procurando os meus verdadeiros objectivos, a minha secreta agenda….
Quando estava tudo ali escarrapachado ante seus olhares e pensamento…. Adiante…

Claro está que não falo das mudanças automáticas que se operam quando vivenciamos papeis tão diferentes como, por exemplo: os de filha/mãe; membro de uma família/profissional….
É claro que nestas circunstâncias, sendo a mesma, represento, automaticamente papéis diferentes, pois diferente é o objecto, o domínio dos afectos, o grau de intimidade e o produto final de cada uma dessas relações.

Falo, falo, mas não sou capaz de vos transmitir porque é que digo que sou, um bicho estranho….
Isso só quem lida comigo o saberá, ou não, fazer com maior discernimento.

As pessoas – a norma – gosta da agitação, dos barulhos, não gosta de estar ou ir sozinha/o a qualquer lado.

Há até quem para ir tomar café, logo ali, telefone a amigos/as a ver quem está disponível para lhe fazer companhia e se não houver ninguém disponível desiste de fazer o que intentava e lhe apetecia.
Se pretendo ir a algum lado, vou.
Não busco quem queira ir, acompanhar-me.
Nem que seja ir viajar. Se sou eu que quero ir, vou.
Vou comigo e vou bem.

Mas não fujo das pessoas nem hesito numa boa companhia que tenha interesse naquilo em que esteja empenhada no momento.

Gosto do silêncio.
Dos espaços enormes, amplos, vazios e silenciosos... Das serranias, do isolamento, de algo a que costumam chamar solidão.
Não receio o isolamento nem hesito em falar sobre a morte como falo da vida.
Acham mórbido e eu não entendo como pode ser mórbido pensar sobre algo que nada mais é do que o outro lado desta moeda a que chamamos vida.

(continua)

4 comentários:

Amaral disse...

Sentes-te bem, estás em harmonia contigo mesma!...
Gostas de ti, de viver pra ti, de viver dentro de ti, do silêncio que há em ti!
Que bom! Não és uma "ave rara"! És tu "a ser", verdadeira e naturalmente!
... E continua...

A.Mello-Alter disse...

É o bicho, é o bicko...
Pois é eu já me interessei por essas questões.
Nos tempos em que o calor me deixa pensar.
Com a canícula, até o "Crónicas" sofre de inanição.

Sei que existes disse...

Bicho estranho? Não me parece!...
Pareces-me mais uma pessoa única que vive a sua vida de foma única também!
"Não receio o isolamento nem hesito em falar sobre a morte como falo da vida.
Acham mórbido e eu não entendo como pode ser mórbido pensar sobre algo que nada mais é do que o outro lado desta moeda a que chamamos vida.". Entendo-te perfeitamente...
Tou mesmo a gostar de conhecer-te melhor!
Beijocas

Menina Marota disse...

Estranho? Mas eu sou assim! Imagina que mudei do centro da Cidade, onde morava há eternidades e vim para o meio de pinhais e ver o mar... isto já há quase oito anos... bem, já não há pinhal aqui ao lado, porque estão a construir outro prédio, mas ainda acordo com os melros e a passarada que andam por aqui a cantar. De Inverno não acendo a lareira, porque um casalinho de pássaros fez lá o ninho e gosto de ouvir o piar dos pequenitos, quando os sinto no ninho... para além de que tenho um melro, que me costuma vir bater à clarabóia do quarto onde agora durmo por causa dos meus cães... e que me faz de gabinete (onde estou neste momento a olhar para o terraço, e um atrevido passarito está mesmo em cima da mesa. Tenho sempre um tacita com água, onde muitos vêem beber e já os vi tomar lá banho. Infelizmente nunca tenho a máquina fotográfica à mão, para registar o momento...~

Bem, vai longa a conversa e tenho que ir por a comida na mesa... :-)))

Beijinhos e tudo de bom para ti ;))