terça-feira, 21 de outubro de 2008

o sentido das coisas


Salazar afirmou, certa vez, que era mais fácil ser mandado do que mandar. Cada um que faça as suas reflexões, a partir da lapidar afirmação a que o senhor chegou e que, "democraticamente", partilhou connosco. Veio-me esta afirmação à memória quando ao sentar-me ao computador, de entre uma multiplicidade de assuntos, que andam em ebulição nos neuróniozinhos, se me tornaram presentes situações, infelizmente recorrentes, com que qualquer um de nós se confronta quotidianamente e que “mexem” com a ideia que detemos sobre o que são, ou deviam ser, os nossos direitos enquanto cidadãos, num estado democrático que se senta à mesa dos países avançados. Não só sobre os direitos mas também sobre a forma que assume a sua expressão e o conteúdo que os mesmos deveriam configurar.


Da multiplicidade de incongruências que identifiquei ocorreu-me uma frase que reputo de valor aproximado, para não dizer idêntico, aquela com que iniciei esta escrita: “é muito fácil criticar” .(Como sabem não é de minha autoria mas sendo tão de todos é como se fosse).

1º episódio – há tempos minha neta adoeceu. Consulta, medicação e domicílio. Ao fim de cinco dias não estava melhor, antes apresentando mais queixas. Domingo à noite pegamos na criança e fomos à urgência do Hospital. Aí chegadas encontramos uma sala de espera atolada de mães com filhos bebés ao colo. As idades – global e maioritariamente – oscilariam entre os 18 meses e os 3 anos. O ar estava saturado. Não havia onde nos sentarmos. Esperamos, um pouco mais de meia hora, e constatámos que durante todo aquele tempo ninguém fora chamado. No total encontravam-se lá, 34 crianças doentes. Se ao fim de meia hora nenhuma criança tinha sido chamada é de esperar, partindo do princípio que iriam chamar uma de imediato, que o tempo de espera oscilasse entre as 5 a 10 horas, consoante estivessem um ou dois médicos de serviço.

Se nos ativéssemos ao tempo médio de 30’ e um médico de serviço, daria qualquer coisa como 17 horas de espera a respirar ar saturado de micróbios vários.


2º episódio – que o não é! Foi sim uma notícia que li no J.N. há 7 anos atrás [2001.03.12,(p:16)]

Morrem pessoas por intoxicação reactiva entre medicamentos e alimentos - numa base tão simples como: analgésicos; anti-inflamatórios e anti-alérgicos com - vitaminas, nomeadamente as dos citrinos.
Por ex. quem está a tomar um anti-histamínico deve ser “proibido” de comer citrinos e outros alimentos ricos em vitamina C. Moral da história: os serviços públicos não funcionam; recorremos aos privados com enorme esforço económico, na convicção de que serão mais lestos e quiçá, de melhor qualidade –i.e. melhor diagnóstico – vimos a descobrir, nas páginas de um jornal, que nos andam a dar medicamentos que não produzem efeito –ai a vitamina C- ou que, na pior das hipóteses, nos podem levar à morte. Têm o direito de pensar que estes assuntos não passam de “coisas” comezinhas. Permito-me discordar pois é de coisa pequena em coisa pequena que passamos às grandes e, continuando a não exercer o nosso direito de indignação no momento certo, talvez todo o país se esvaia em dor enquanto o país virtual continua sentado à grande mesa.

2 comentários:

mfc disse...

Esta vida é mesmo perigosa, hein?!

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

Visita para saber as novidades por estes lados...


Beijos